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sexta-feira, 4 de junho de 2010

VALE A PENA LER, É O RELATO DE UMA INDIANA SOBRE DERROTA

Você é uma perdedora? Bom pra você.

Por Sudhamahi Regunathan – publicado no jornal The Times of India em 08/02/2010.

O prêmio é a vitória. No que quer que você faça, você tem que ser um vencedor. Seja aprendendo a cantar, a dançar ou apenas jogar. Nós vivemos com medo de perder. Nós temos tanto medo e freqüentemente ouvimos a frase ‘você é uma perdedora’ dita a uma outra pessoa.

Então, o que acontece quando você ‘perde’? Além do fato de que ganhar e perder são termos relativos, não é tão ruim assim perder de vez em quando. Às vezes, ao perder, você pode ganhar mais, especialmente quando você vive em uma sociedade onde você está constantemente em contato com outras pessoas que são expostas a situações diversas. É a pessoa que perde, pode-se dizer, que mantém o curso das coisas. Isso não é uma glorificação aos perdedores, mas uma focalização no desenvolvimento balanceado, ao invés de glorificar a obsessão por ganhar sempre.

Shiva e Parvati estavam jogando dados. Toda vez que Shiva jogava o dado, os torcedores de Parvati se exaltavam de alegria, ao passo que os companheiros de Shiva choravam de angústia. Parvati ganhou e Shiva perdeu. Certa vez, Shiva perdeu até a última peça de roupa que ele usava, para Parvati. ‘Por que você sempre perde?’, perguntavam os torcedores de Shiva. Eles tinham uma fé implícita em sua supremacia. Então como é que ele podia perder toda vez?

Shiva perdia para ganhar. Essa idéia precisa de uma reflexão para se assentar. No início, os dois eram um só, o estático e indiferenciado UM. Quando eles foram separados em dois, o Purusha e a Prakriti, houve a criação, e houve ação. De acordo com a mitologia, Narada, o poeta celestial, foi até Ardhanareeswara – a forma dois em um andrógina de Shiva e Parvati – e disse que ele iria ensinar um jogo interessante que iria acabar com a inércia e adicionar tempero em suas vidas.

Ele ensinou-lhes o jogo de dados. O jogo de Shiva com Parvati trata-se do jogo de Purusha com Prakriti, a inatividade com a atividade. A aposta era um abraço. Se Shiva vencesse, ele abraçaria Parvati. Seria bonito, se não fosse o fato de que, ao abraçar Parvati, eles retornariam ao estado inativo de Ardhanareeswara. Isso significa que todas as atividades chegariam ao fim; e seria o fim do mundo. Então era crucial que Parvati ganhasse, e que Shiva perdesse o jogo para que a atividade continuasse sem cessar. Na vitória de Parvati, a busca pelo divertimento continuaria...Shiva jogaria outra vez e talvez ganhasse e abraçasse Parvati. Mas ao perder o jogo de dados, ele estava ganhando no jogo da vida. E Parvati ganharia novamente e então o ciclo da vida continuaria.

Os seguidores de Shiva, no entanto, só podiam sentir humilhação e derrota. Eles choraram e rogaram que Shiva se desse melhor enquanto toda a comitiva de Parvati gargalhava. Mas o jogo continuou, com perdas e ganhos – o jogo da Criação e da Destruição, infinitamente.

Para manter o curso da atividade, para manter a harmonia e o equilíbrio, nós devemos experimentar tanto a vitória quanto o fracasso. Dessa forma, o jogo cósmico se certificará de que o ciclo continua. Em uma visão mundana, o efeito ‘gangorra’ cria oportunidades para todos. Quando o sucesso e o fracasso são experimentados, nós cultivamos diversas perspectivas, e aprendemos tanto a perder graciosamente como a ganhar com humildade.

Este é o segredo da união feliz. Na forma andrógina também havia união, mas de forma estática. Não parecia haver propósito, nem resultados. Quando eles foram divididos em dois para se tornarem duas entidades distintas, eles puderam deixar suas criações florescerem. E novamente eles se uniriam para apreciar o jogo. E é isso: a alteridade aumentando a união dos seres."
FONTE: http://meninamaisquefeliz.blogspot.com/2010/02/vi-esta-postagem-no-blog-da-ju-e-achei.html

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